A cultura alentejana é uma das mais ricas de Portugal. De fato, os patrimônios do Alentejo são diversos e misturam tradições, celebrações e ofícios passados de geração em geração. Quatro dessas manifestações estão inscritas na lista representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Unesco: a dieta mediterrânica, o cante alentejano, a fabricação de chocalhos, a arte da falcoaria, a produção do figurado em barro de Estremoz e as festas do povo de Campo Maior. Já o vinho de talha foi, recentemente, submetido à candidatura de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e aguarda sua nomeação.
Outras manifestações ilustres e valorizadas do Alentejo inscritas no Inventário Nacional do Patrimônio Cultural Imaterial são: as tapeçarias de Portalegre, as mantas alentejanas, os tapetes de Arraiolos, a olaria, a tiragem da cortiça, a construção em terra (taipa, adobe, tijolo cozido, pedra, cal, madeira, caniço e palha), o fandango e as artes e saberes de construção e uso da bateira avieira (espécie de canoa) no Rio Tejo.
Dieta mediterrânica
Conhecida como uma forma de alimentação mais saudável, rica em vegetais, leguminosas, peixes e o azeite como principal fonte de gordura, a dieta mediterrânica é, verdadeiramente, um estilo de vida. A inscrição na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco em 2013 foi um marco importante no reconhecimento deste padrão alimentar para a saúde e para a cultura dos povos da bacia mediterrânica.
Cante alentejano
Este canto tradicional, executado por grupos amadores e sem instrumentos musicais, faz parte da vida social das comunidades alentejanas e reforça a identidade e o pertencimento à sua região de origem. Predominam os grupos corais masculinos, mas há um número crescente de grupos femininos, mistos e infantis. Seu repertório é constituído por melodias e poesia oral, principalmente com histórias da vida rural, da natureza, do amor e da religião. Foi oficializado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco em 2014.
Fabricação de chocalhos
A produção dos chocalhos é uma verdadeira arte que existe na região e os registros remontam, pelo menos, ao século 15. Estes tradicionais sinos são muito utilizados nos rebanhos rurais (gado e ovinos) que percorrem todo o Alentejo e servem para que o gado seja facilmente localizado. A peça é presa ao pescoço do animal e o som produzido pelos chocalhos de um rebanho pastando no montado é o autêntico som da paisagem alentejana. Desde 2015 têm o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco.
Arte da falcoaria
A falcoaria é a arte de criar, treinar e cuidar de falcões e outras aves de rapina para a caça de animais selvagens em seu ambiente natural. Com origens no século 18, a falcoaria portuguesa foi desenvolvida em torno da caça tradicionalmente praticada pela família real. Foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco em 2016.
Figurado em barro de Estremoz
O figurado em barro de Estremoz é uma arte tradicional alentejana e o seu conhecimento é passado não só em oficinas familiares, como também de forma profissional. Estas figuras feitas de argila são queimadas em fornos e pintadas à mão pelos artesãos, com destaque para seu caráter religioso e local. Esta arte remonta ao século 17 e é considerada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco desde 2017.
Festas do povo de Campo Maior
As festas do povo de Campo Maior são uma celebração do sentimento de comunidade e companheirismo da população desta vila. Apesar de acontecer sempre no mês de agosto, as festas não têm uma periodicidade definida e só ocorrem quando o “povo quer”. Por meses, os moradores se juntam para imaginar o tema, dar forma às flores de papel e construir as estruturas que vão suportá-las. Estas manifestações constam na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco desde 2021.
Vinho de talha
Conhecido por seu paladar encorpado e intenso, o vinho de talha é produzido seguindo conhecimentos milenares. Nesta técnica, um grande vaso de barro é usado como recipiente para a fermentação e o resultado é um vinho cheio de personalidade que, em breve, poderá ser considerado mais um dos muitos patrimônios do Alentejo. Em 2021, essa iguaria milenar foi submetida à candidatura de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco e aguarda sua nomeação.