Raia: o que ver no trajeto de Marvão a Mértola

Muitos visitantes adoram passear de carro pelo Alentejo. Afinal, esta vasta região é única em belezas, tem uma costa atlântica protegida e bem conservada, planícies ondulantes pontuadas por florestas de sobreiros, olivais, campos de vinho e cidades fortificadas no topo de colinas. No entanto, poucos visitantes conhecem uma faixa de terra de cerca de 300 quilômetros entre Marvão e Mértola que faz fronteira com a Espanha, chamada ‘raia’.

A raia estende-se de norte a sul e manteve-se praticamente inalterada desde o século 13, quando foi assinado um tratado que delimitava as fronteiras entre Portugal e Castela (região histórica da Espanha). Hoje, com as fronteiras abertas, portugueses e espanhóis jantam lado a lado, compartilham uma terra comum e uma cultura que floresce com comércio, cidades e vilas que oferecem uma variedade de atrações e história. São castelos, conventos, cidades agrícolas e campos ondulantes a perder de vista.

Marvão

Marvão

Alguns dos lugares que podem ser vistos na raia é o imponente Castelo de Marvão, na vila de Santa Maria de Marvão, a poucos quilômetros da Espanha. A cidade é ainda hoje um local de convergência de povos, onde os visitantes encontram celtas, vetões, lusitanos, romanos, suevos, vândalos, visigodos, mouros, templários e portugueses. As paredes intactas no cume da montanha e o castelo ainda parecem invencíveis. Do alto, é possível avistar quilômetros de paisagens em um dia claro, do Vale do Rio Tejo até a Serra da Estrela, ao norte.

Elvas

Castelo de Elvas

Elvas guardou a estrada para Lisboa e foi muito fortificada entre os séculos 17 e 19 para oferecer o maior sistema de valas secas abaluartadas do mundo. O Forte de Nossa Senhora da Graça é a construção mais famosa de Elvas, e uma verdadeira obra-prima da arquitetura militar do século 18. Não é à toa: afinal, dizem que foi preciso quase 30 anos, 6 mil homens, 4 mil animais e 120 mil moedas de ouro para construí-lo! Junto com o castelo e o deslumbrante Aqueduto da Amoreira, deu à cidade o título de Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco.

A cidade histórica tem muitos lugares excelentes para visitar. As praças principais oferecem lojas e estabelecimentos para comer, bem como alguns quilômetros de muros para escalar e explorar. Com a cidade de Badajoz a apenas alguns quilômetros de distância, Elvas costuma estar sempre ocupada com compradores e comerciantes espanhóis.

Barrancos

Castelo de Noudar – Barrancos

Esta vila da região sul do Alentejo tem cerca de 1.800 habitantes e fica a mais de 30 quilômetros de qualquer outra cidade. Cercada pela Espanha em três lados, floresceu como uma região mercantil. Hoje já não possui fortificações e desde a abertura das fronteiras entre Portugal e Espanha, tornou-se uma cidade acolhedora e movimentada. Sua rua principal é ladeada por lojas e cafés onde se pode ouvir pessoas falando tanto português quanto espanhol.

Quando visitar esta cidade da raia, não deixe de provar um dos muitos pratos à base do famoso presunto local (com denominação DOP) com uma jarra de vinho tinto. Outras iguarias obrigatórias são a açorda, que é o orgulho de Barrancos, e as migas feitas com o rico pão local.

Mértola

Mértola

Seu rico patrimônio e a sua fantástica localização natural surpreendem os visitantes. Localizada no alto do rio Guadiana e de frente para a Espanha, a cidade já foi conhecida como Myrtillis Romana, um lugar que floresceu na época dos romanos e depois dos mouros. Hoje, o castelo – reconstruído por volta de 1300 sobre as ruinas do antigo – pertence à Ordem de Santiago e as muralhas da cidade estão em constante reconstrução com a Espanha, em ambos os lados do rio Guadiana.

Mértola é considerada uma joia arqueológica, com escavações revelando restos dos muitos governantes da cidade nos últimos 3 mil anos. Dentro de suas muralhas prospera uma bela cidade, rica em casas simples, canhões antigos e flores. A vasta cisterna e a torre de menagem do castelo são testemunhos do passado bélico da cidade. Possui ainda a única mesquita mourisca existente em Portugal, um exemplo das riquezas árabes perdidas em Portugal.

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