Do fado ao fandango, Portugal tem fortes tradições musicais. E nas planícies e vilas do Alentejo, a música faz parte da vida dos locais. E é nesta região portuguesa que está uma manifestação popular característica que, pela sua singularidade, é considerado um Patrimônio Cultural de Portugal e Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, o cante alentejano.
Esta expressão genuína e única no mundo é cantada a cappella por grupos de homens – e mais recentemente por mulheres – sem acompanhamento instrumental. Alguns desses grupos são centenários e suas canções falam de sentimentos, emoções e da vida cotidiana, como trabalhar no campo ou ir a uma festa, por exemplo.
Nas festas e eventos, nos clubes locais e nas tabernas, os grupos de cante enchem o ar de histórias dos montados, de saudades e de amor. Espetáculos do cante podem ter agendamento, mas o mais comum é que ele aconteça espontaneamente em qualquer associação recreativa após um dia de trabalho.
Apesar do cante alentejano não ser específico de nenhum estrato social, geralmente está associado às classes rurais da região, onde a industrialização agrícola e a extração mineira se desenvolveram a partir de finais do século 19. O primeiro grupo surgiu em 1926, associado aos trabalhadores das Minas de São Domingos, e um segundo em Serpa, em 1927 – onde em 2021 foi inaugurado o Museu do Cante.
A banda da cidade, ou filarmônica, é uma grande parte das tradições das comunidades desta região. Elas se apresentam em shows ao ar livre, em desfiles e eventos populares realizados pelas cidades espalhadas por todo Alentejo. Quando você visitar o Alentejo, não deixe de apreciar esta expressão cultural única do destino.